Parágrafo 461

461. Retomando a expressão de São João («o Verbo fez-Se carne»: Jo 1, 14), a Igreja chama «Encarnação» ao facto de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana, para nela levar a efeito a nossa salvação. Num hino que nos foi conservado por São Paulo, a Igreja canta este mistério: «Tende em vós os mesmos sentimentos…

Parágrafo 462

462. A Epístola aos Hebreus fala do mesmo mistério: «É por isso que, ao entrar neste mundo, Cristo diz: “Não quiseste sacrifícios e oferendas, mas formaste-Me um corpo. Holocaustos e imolações pelo pecado não Te foram agradáveis. Então Eu disse: Eis-Me aqui […] para fazer a tua vontade”» (Heb 10, 5-7, citando o Sl 40. 7-9, segundo os LXX).

Parágrafo 463

463. A fé na verdadeira Encarnação do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã: «Nisto haveis de reconhecer o Espírito de Deus: todo o espírito que confessa a Jesus Cristo encarnado é de Deus» (1 Jo 4, 2). É esta a alegre convicção da Igreja desde o seu princípio, ao cantar «o grande mistério da…

Parágrafo 464

464. O acontecimento único e absolutamente singular da Encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que seja o resultado de uma mistura confusa do divino com o humano. Ele fez-Se verdadeiro homem, permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Esta…

Parágrafo 465

465. As primeiras heresias negaram menos a divindade de Cristo que a sua verdadeira humanidade (docetismo gnóstico). Desde os tempos apostólicos que a fé cristã insistiu sobre a verdadeira Encarnação do Filho de Deus «vindo na carne» (87). Mas, a partir do século III, a Igreja teve de afirmar, contra Paulo de Samossata, num concilio reunido…

Parágrafo 466

466. A heresia nestoriana via em Cristo uma pessoa humana unida à pessoa divina do Filho de Deus. Perante esta heresia, São Cirilo de Alexandria e o terceiro Concilio ecuménico, reunido em Éfeso em 431, confessaram que «o Verbo, unindo na sua pessoa uma carne animada por uma alma racional, Se fez homem» (91). A humanidade…

Parágrafo 467

467. Os monofisitas afirmavam que a natureza humana tinha deixado de existir, como tal, em Cristo, sendo assumida pela sua pessoa divina de Filho de Deus. Confrontando-se com esta heresia, o quarto Concílio ecuménico, em Calcedónia, no ano de 451, confessou: «Na sequência dos santos Padres, ensinamos unanimemente que se confesse um só e mesmo Filho,…

Parágrafo 468

468. Depois do Concílio de Calcedónia, alguns fizeram da natureza humana de Cristo uma espécie de sujeito pessoal. Contra eles, o quinto Concílio ecuménico, reunido em Constantinopla em 553, confessou a propósito de Cristo: «não há n’Ele senão uma só hipóstase (ou pessoa), que é nosso Senhor Jesus Cristo, um da santa Trindade» (95). Tudo na humanidade de Cristo…

Parágrafo 469

469. Assim, a Igreja confessa que Jesus é inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro homem. É verdadeiramente o Filho de Deus feito homem, nosso irmão, e isso sem deixar de ser Deus, nosso Senhor: «Id quod fuit remansit, et quod non fuit assumpsit» – «Continuou a ser o que era e assumiu o que não era», como…

Parágrafo 470

470. Uma vez que, na união misteriosa da Encarnação, «a natureza humana foi assumida, não absorvida» (101), a Igreja, no decorrer dos séculos, foi levada a confessar a plena realidade da alma humana, com as suas operações de inteligência e vontade, e do corpo humano de Cristo. Mas, paralelamente, a mesma Igreja teve de lembrar repetidamente…